Emoção como ferramenta para mudança
Pessoas são presentes
Segundo o modelo cognitivo, as emoções e comportamentos de uma pessoa são influenciados por sua percepção dos eventos. Isso significa dizer que NÃO É uma situação por si só que determina o que a pessoa sente, mas, antes, o modo como ela interpreta a situação.
Então, o modo como as pessoas se sentem está associado ao modo como elas interpretam e pensam sobre uma situação. A situação em si não determina diretamente como elas se sentem; sua resposta emocional é intermediada por sua percepção da situação.
Diante de uma situação, parte de sua mente está focada em entender e integrar as informações factuais da mesma (luz, som, cor, cheiro, sensações...), enquanto outra parte está tendo alguns pensamentos avaliativos rápidos. Estes pensamentos são denominados de PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS e não são decorrentes de deliberação (vontade) ou raciocínio. Ao contrário, eles são rápidos, breves e na maioria das vezes você não tem consciência destes pensamentos, mas tende a ter mais consciência da emoção que segue a esse pensamento. Podemos ainda falar que os pensamentos automáticos:
- Representam um nível mais superficial de pensamento;
- Apresentam-se sob a forma de verbalização ou imagens encobertas;
- São autônomas, reflexas e específicas para cada situação;
- Podem ser processadas de forma falha, mantendo assim, as avaliações sobre si mesmo, os outros e o mundo ainda que seja impreciso;
- São pensamentos que vêm espontaneamente em nossas mentes;
- Sempre que temos um estado de humor forte, há também pensamentos automáticos presentes que fornecem instrumentos para compreensão de nossas reações emocionais;
- Pensamentos automáticos podem ser palavras, imagens ou recordações;
- Para identificar pensamentos automáticos, observe o que passa pela sua mente quando você experimenta um estado de humor diferente daquele que você estava.
Por isso, a partir de agora, toda vez que você perceber que sua emoção está variando, mudando, na mesma hora se pergunte: O QUE ESTÁ PASSANDO PELA MINHA CABEÇA AGORA? Para identificar pensamentos, nada melhor do que fazer as mesmas perguntas: com quem eu estava? O que eu estava fazendo? Quando aconteceu? Onde eu estava?
Ao identificar esses pensamentos, você pode avaliar a validade deles e percebendo que eles são uma interpretação errônea, corrigi-los. A isso chamamos de enfrentar o pensamento ou responder ao pensamento ou desafiar o pensamento.
Os pensamentos automáticos surgem do que chamamos de crenças - entendimentos e idéias adquiridas ao longo da vida, e fortemente na infância, que são tidas pela pessoa como verdades absolutas. São entendimentos tão fundamentais e profundos que a pessoa tende a focalizar seletivamente as informações que confirmam a crença, desconsiderando ou descontando informações que são contrárias, mantendo a crença mesmo que ela seja imprecisa e disfuncional.
Tais crenças surgem do que chamamos de esquemas, super estruturas cognitivas que são formadas na medida em que vamos interagindo com a realidade ao longo de nosso desenvolvimento infanto-juvenil e que se atualizam sempre na relação com a realidade. Quando essas superestruturas enrijecem, não mais se atualizam frente a realidade e desencadeiam adoecimentos psíquicos e emocionais. Temos quatro esquemas saudáveis principais: capacidade, adequação, estima e “invulnerabilidade”. E quatro não saudáveis: incapacidade, inadequação, não estima e vulnerabilidade.