Exercício para conexão diária com a parte sábia
A semana é…
A terapia cognitiva surgiu nos anos de 1960 quando Aron Beck, pesquisador e psiquiatra norte americano, propôs um modelo cognitivo de intervenção para a depressão. Segundo ele, um paciente deprimido apresentava padrões negativos de processamento de informação. Ele observou que os pacientes relatavam um fluxo de pensamentos automáticos, pré-conscientes, rápidos, específicos, em um auto diálogo (diálogo interno) ininterrupto. Tais fluxos funcionavam como uma ponte entre a concepção/percepção do paciente e sua resposta emocional e comportamental (o que ele sentia e fazia). E mais, nestes pacientes esses pensamentos expressavam uma negatividade ou pessimismo geral do indivíduo contra si, o ambiente e o futuro. Com base em suas observações clínicas e experimentos, Beck propôs sua teoria cognitiva da depressão. Para ele, depressivos metodicamente distorciam a realidade, aplicando um foco negativo em seu processamento de dados, o que o levou a apontar O PENSAMENTO e não a emoção, como o elemento primordial na depressão, conceituando-a, portanto, como um transtorno de pensamento e não como um transtorno emocional. A partir daí diferentes pesquisas foram sendo conduzidas a diversos quadros psicológicos e psiquiátricos (ansiedade, esquizofrenia, estresse... dentre outros), e em cada um sendo apontada a eficácia da terapia cognitiva como base de tratamento. Abaixo colocamos uma figura que ilustra o modelo cognitivo e uma metáfora do que ocorre na terapia entre paciente e terapeuta.
Assim, a terapia cognitiva é uma abordagem estruturada ou semiestruturada, diretiva, ativa e de prazo limitado. Ela se baseia no fato de que o afeto (sentimento e emoção) e o comportamento de um indivíduo são, em grande parte, originados pelo modo como ele estrutura o mundo, ou seja, pelo modo como ele pensa. Neste sentido, mais importante do que a situação real, é a avaliação que o indivíduo faz a respeito dela, ou seja, o que ele pensa sobre ela. Uma mesma situação pode, portanto, desencadear diferentes emoções (raiva, tristeza, ansiedade etc.).
Dizemos que o OBJETIVO maior da terapia cognitiva é ensinar e estimular as pessoas a pensarem de forma mais racional e realista. Para isso, ela lança mão de técnicas e ferramentas voltadas para aquilo que o paciente veio buscar no seu tratamento.
Podemos dizer com isso que as principais características da Terapia Cognitiva como um sistema de psicoterapia são:
1. As sessões são estruturadas. Esse é o diferencial da terapia cognitiva, pois sessões assim permitem que o trabalho flua de modo organizado, focado e orientado para alcance de resultados. A sequencia abaixo é adotada durante quase todas as sessões:
◻ Breve atualização e avaliação do humor com o uso de escalas
◻ Breve revisão da sessão anterior para estabelecer uma ponte entre as sessões.
◻ Revisão da tarefa de casa
◻ Estabelecer a agenda da sessão (o que será trabalhado na sessão pelo paciente e pelo terapeuta)
◻ Discussão dos itens da agenda; se necessário, estabelecer ordem de discussão dos itens segundo prioridades.
◻ Estabelecer nova tarefa de casa
2. Requer uma aliança entre paciente e terapeuta segura.
3. Enfatiza colaboração e participação ativa do paciente.
4. É orientada em meta e focalizada na resolução de problemas.
5. Inicialmente enfatiza o presente com vistas a torná-lo mais saudável e funcional. Depois cuida de aspectos do passado e futuro do paciente.
6. É educativa, pois visa ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza prevenção de recaídas/retrocessos.
7. Visa ter um tempo limitado - exceto em algumas circunstâncias, nas quais o terapeuta faz orientações.
8. Baseia-se numa formulação em constante desenvolvimento do paciente e de seus problemas em termos cognitivos.
9. Ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder a seus pensamentos que lhe atrapalham.
10. Utiliza uma variedade de técnicas para mudar pensamento, emoção e comportamento.